sábado, 8 de setembro de 2018

Senti vontade de voltar...

As crianças cresceram muito, agora sou mãe de dois adolescentes lindos! Desde o nosso último encontro vivemos momentos diversos de descobertas que certamente estão longe de acabar, pois a vida é um descobrir e aprender sem fim... Mas os livros permanecem como parte importante na nossa rotina. 

Por isso mesmo é que não pude ficar indiferente diante de uma polêmica que surgiu esta semana, sobre um livro de Ana Maria Machado, "O menino que espiava pra dentro". A sua primeira edição é de 1983 e uma mãe zelosa, mas talvez assustada demais com as últimas notícias sobre o comportamento de risco de crianças, adolescentes e jovens, acusa o livro de incitar o suicídio, o que me causou muito espanto, já que conheço o trabalho primoroso e premiadíssimo da autora em questão, que também é uma imortal, ou seja, faz parte da Acadêmia Brasileira de Letras.
Na verdade, a história trata da imaginação de um garotinho que se sentia um tanto solitário e usava este recurso para brincar, fazendo links com contos infantis e que por fim descobre que viver é muito melhor do que apenas imaginar. A mamãe assustada fez um recorte do texto sem contextualizá-lo e pronto, estava lançada a confusão, que deixou a autora e muitos dos seus leitores surpresos e tristes com esta polêmica.
Mas o que podemos aprender com tudo isso? Primeiro, que precisamos ter muito cuidado com o que publicamos e propagamos nas redes sociais, pois somos responsáveis pelo que construímos e divulgamos, mesmo enquanto apenas uma opinião. Depois, é preciso que nos certifiquemos da informação que estamos passando adiante, contextualizando, discutindo antes, checando se procede o que queremos divulgar. Pensar antes de agir é um princípio básico de qualquer relação social, ainda mais quando vamos gerar informação que alcançará muitas pessoas.
Uma coisa é certa, o desequilíbrio em que vivemos atualmente e que nos mantém sobressaltados, não pode ser usado para provocar exageros disfarçados de proteção, pois este tipo de comportamento pode se tornar tão perigoso quanto a negligência, quando falamos de educação das nossas crianças.

Vamos respirar...

Cynthia Tanajura     

Acesse o link sobre o assunto:

https://oglobo.globo.com/cultura/foi-como-uma-bigorna-na-cabeca-diz-ana-maria-machado-23047123

2 comentários:

  1. Excelente comentário e esclarecimento. Assista o filme nacional, Aos teus olhos. Retrata o problema das postagens sem contextualização e como acabam com a vida das pessoas.Parabéns!

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  2. Obrigada pelo comentário e pela dica, vou procurar assistir sim, Ana!

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